Já faz algum tempo que estou para escrever um artigo sobre esse tema, que realmente exponha fatos em relação ao mercado brasileiro de madeiras oriundas de florestas plantadas de Pinus, e submetidas ao tratamento preservativo em autoclave utilizando preservantes.
Publicam-se muitas matérias tendênciosas em sites e revistas setoriais, com intuito de fomentar investimentos industriais no setor de preservação de madeiras. Infelizmente, todas elas invertendo a realidade.
Vamos aos fatos, analisados por alguém que acompanha há mais de 22 anos a evolução do mercado brasileiro, produzindo e comercializando para os diversos setores que demandam da madeira de Pinus tratado em autoclave em seus processos, sejam na construção civil, agropecuária, indústria offshore, industria moveleira e também uso doméstico.
- A produção de madeira de Pinus tratado em autoclave cresceu à média de 7,3% ao ano desde 2001, até 2022.
- Durante a pandemia do COVID, dentre os anos 2020 e 2022, a média de crescimento foi de 11,4% ao ano em volume, e de 32,1% em faturamento. Houve um movimento global das pessoas que ficaram em casa por melhorias no lar e faça você mesmo (DIY – Do it yourself).
- Ao longo de 2023, o volume produzido diminuiu 65,0% em relação à 2022, motivado pela baixa demanda e arrefecimento da economia. Juros altos, ausência de política habitacional popular, transição política, guerra na Ucrânia, entre outros.
- O Preço da madeira de Pinus no mercado internacional reduziu, e a moeda brasileira valorizou-se em 2023. Esses movimentos inviabilizaram muitas operações correntes de exportação de madeira de pinus serrada. A Rússia passou a atender a demanda chinesa com preços reduzidos, e esta cancelou contratos com o Brasil e outros países fornecedores.
- Em janeiro de 2023, muitas serrarias e um número enorme de empresas que contraíram o PRONAMPE liberado no início da pandemia, começaram a pagar as parcelas. Esse foi um dos motivos da crescente inadimplência e baixo crescimento econômico do país.
- Os estoques de madeira no comércio foram drásticamente reduzidos durante 2023, com intuito de ganharem fôlego.
- Indústria madeireira de Santa Catarina e Rio Grande do Sul iniciaram política de preços muito agressivas, porém, com uma informalidade fiscal jamais vista nas últimas décadas. Esse movimento prejudica a indústria paranaense de madeira e também o setor florestal.
- As usinas de preservação de madeiras (Empresas que tratam madeira em autoclaves), não estão seguindo a NBR 16.143 – Preservação de madeiras – Sistema de Categorias de uso, com intuito de economizar no representativo insumo do preservativo químico. O ataque de cupins e fungos apodrecedores tornarse irreversível após alguns poucos anos de efetivo uso da madeira enquanto deck, vigamentos de telhados, montantes de sistema construtivo wood frame, entre outros.
Conclusões e previsões para os próximos 3 anos – 2024 à 2026
- Os próximos anos serão marcados pelo fechamento de muitas Usinas de Preservação de Madeiras, em especial àquelas que render-se-ão à informalidade fiscal, más práticas trabalhistas e não atendimento às normas técnicas.
- A indústria madeireira terá que aprender a compor seus preços de modo a atender ao menos a legislação tributária e trabalhista e ainda gerar superávit para investimento em capacitação de colaboraores e renovação da infraestrutura das indústrias, além é claro de inovar.
- A base industrial madeireira séria, ou seja, que cumpre à todo arcabouço legal e regulatório se consolidará, por meio do reconhecimento dos clientes e colherá os frutos de um ambiente econômico no qual apenas empresas consolidadas estarão produzindo e gerando desenvolvimento econômico sustentável.
Que venham os próximos anos, quem sobreviver, verá.
Leonardo Puppi Bernardi
Diretor Presidente da TWBrazil UPM Ltda