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Pinus Preservado – Madeira tratada em autoclave

Pinus Preservado – Madeira tratada em autoclave

A madeira de Pinus preservado, também chamado de Pinus tratado, Pinus autoclavado ou ainda Pinus osmopressurizado é largamente utilizado na América do Norte e na Europa há mais de cinco décadas. No Brasil, o pinus preservado começou a ser produzido no final do século passado, e vem ganhando espaço em substituição ao uso de madeiras nativas.

Características
No Brasil as espécies Pinus taeda, Pinus elliottii e Pinus caribaea são muito encontradas nos estados do sul e sudeste. Com características muito semelhantes, não requerem ser identificados para aplicações correntes da construção civil, e, portanto, são identificados apenas como Pinus. A média densidade, facilidade de corte e perfuração com ferramentas simples, a estabilidade dimensional e a abundância no Brasil fazem dessa espécie a melhor opção para emprego na construção civil. Por ser uma conífera, a estrutura é relativamente homogênea, não sendo necessária a separação em cerne e alburno (brancal).

Tratamento preservativo
O tratamento preservativo industrial consiste em pré-secar a madeira a umidade inferior a 30% (ponto de saturação das fibras), e submetê-la a aplicação de processo de vácuo e pressão em autoclave. Inicialmente submetida a um período de vácuo para retirada do ar das células da madeira, ela é submersa numa solução de preservativos contra organismos xilófagos como cupins, brocas e fungos decompositores. Para que essa penetração ocorra em toda a madeira, inclusive nas camadas mais internas, é aplicada uma pressão superior a 8,0 kg/cm² (4 vezes a pressão máxima de uma panela de pressão doméstica). Ao final, a solução é drenada e aplicado vácuo, para retirada do excesso do preservativo do interior da madeira. O processo dura cerca de 120 minutos, e exige que a madeira seja resseca para evaporação da água e fixação dos metais nas paredes celulósicas. Atualmente o produto preservativo mais utilizado no Brasil e no mundo é o CCA (Arseniato de Cobre Cromatado), inventado em 1933 e aperfeiçoado ao longo das décadas seguintes.

Durabilidade
Enquanto a madeira natural do Pinus é suscetível ao ataque de cupins e fungos, podendo ser atacado já nas primeiras semanas após a aplicação, o Pinus preservado ficará imune por mais de cem anos em estruturas de telhado. O incremento da vida útil após o tratamento preservativo é muito grande contra cupins, que é o principal problema em meios urbanos. Contra fungos apodrecedores, que atacam apenas com a madeira úmida (goteiras, vazamentos, intempéries, contato com solo) a vida útil é aumentada em torno de 15 vezes.

Aplicações
As aplicações concentram-se naquelas de uso permanente, como estruturas de telhado de edificações, fachadas, deck no entorno de piscinas e jardins, rodapés, assoalhos, forros, divisórias (paredes), cercas, móveis externos, aplicações náuticas, usos rurais (estacas agrícolas, mobiliário pecuária, galpões). Enfim, todas aquelas que exijam durabilidade, resistência mecânica, custo competitivo e sustentabilidade.

Vantagens
As vantagens do Pinus preservado em relação a outros materiais básicos são: Excelente custo-benefício, durabilidade superior a outras madeiras inclusive nativas, baixíssima emissão de carbono (pegada ecológica ou Ecological Foot Print), ótimo isolamento termo acústico, fácil trabalhabilidade com cortes e perfurações (não requer pré-furação), média densidade (620kg/m³), alta permeabilidade que garante a penetração total dos preservativos durante o processo de preservação, grande disponibilidade no Brasil aliada a rápido crescimento, entre outras.

Mercado
O crescimento orgânico do uso do Pinus preservado no Brasil é superior a 7% ao ano. A medida que o desmatamento de áreas nativas vai sendo reprimido por forças legais e culturais, vai abrindo-se espaço para o uso de espécies exóticas e de curto ciclo de crescimento, como o Pinus, o Eucalipto, a Teca, entre outros. Como as fibras de Pinus são utilizadas desde o nascimento de um ser humano, compondo boa parte das fraudas descartáveis, até o último dia em sob forma de ataúdes, passando por infinitas aplicações ao longo da vida, é considerada a espécie mais versátil em tratando-se de espécies cultiváveis. Embora o cultivo do Eucalipto venha crescendo, o Pinus sempre será importantíssimo por suas fibras longas na indústria do papel e celulose. A cotação do Pinus sob de forma estável, não sofrendo grandes variações como o mercado de aço, polímeros, e outras commodities.
O Pinus preservado produzido pela TWBrazil UPM – Usina de Preservação de Madeira, percorre poucos trajetos antes de chegar aos consumidores finais. Da Floresta plantada à Indústria e da Indústria aos distribuidores, os percursos são relativamente curtos se comparados às espécies amazônicas. Esta característica traz uma boa vantagem econômica, e reduz significativamente as emissões de dióxido de carbono.
Os consumidores do Pinus preservado são construtores e empreiteiras, enquanto que a cadeia comercial passa por representantes, distribuidores (Madeireiras, Lojas de Materiais de Construção ou Home centers).
O preço final da madeira de Pinus preservado chega a ser 60% menor do que de madeiras nativas como Pinheiro, Angelim, Cambará, Massaranduba, etc. Se considerarmos também o ganho ambiental e social da opção pelo Pinus preservado, a competição torna-se incomparável.

Classificação
Embora o Pinus seja uma madeira relativamente homogênea, com presença de nós, medula, casca, esmoados, e normalmente suscetível ao ataque de fungos e mofos, quando esta é submetida ao tratamento preservativo passa por classificação visual ou mecânica a fim de não receber todos os cuidados intrínsecos à preservação de madeiras (secagem, tratamento, ressecagem, usinagem, ensaios). A madeira classificada como defeituosa segue para aplicações menos nobres como mercado de biomassa, formas e cimbramentos.
Portanto, a madeira de Pinus preservado é comumente tratada de forma cuidadosa e cada empresa produtora possui seu próprio padrão de qualidade, que não é apenas do ponto de vista estético, mas também de controle das variáveis do processo como umidade, retenção e penetração do preservativo, parâmetros de secagem, estocagem, entre outras. O controle tecnológico durante o processo produtivo é diretamente ligado à durabilidade da madeira. A ABPM possui uma certificação do controle de qualidade na preservação, chamado Qualitrat, que autoregulamenta o setor.

Cultura
No Brasil a madeira de Pinus é comumente ligada a usos pouco nobres, como formas e caixaria de estruturas de concreto armado. É o primeiro insumo que entra na obra, empregado na montagem do tapume, marcação dos gabaritos, delimitação de vigas baldrame e construção dos abrigos provisórios. Ao longo do tempo, o canteiro de obras vai modificando, a madeira vai se deteriorando, quebrando, e ao final da obra é descartada com péssima aparência e imprestável até para uso enquanto lenha. Este uso provisório traz uma má lembrança na memória das pessoas, atribuindo ao pinus uma imagem de madeira de má qualidade.
Nos países em que o sistema construtivo é mais avançado, como “wood frame” por exemplo, a madeira de Pinus é o principal insumo e responsável por estruturar toda a edificação. Neste contexto, o Pinus é tratado com todos os cuidados para garantir a durabilidade e estabilidade dimensional das peças. O tratamento preservativo em autoclave é a única forma de torná-lo durável em ambientes tropicais onde a presença de térmitas (cupim, etc) é inevitável.
Questões culturais são dificilmente alteradas rapidamente, e demandam muita informação. A TWBrazil, bem como as entidades associativas encabeçadas pela ABPM, juntamente com órgãos governamentais como IBAMA, e as usinas de preservação de madeira vêm esclarecendo e informando o mercado acerca das vantagens da escolha por madeira oriunda de florestas plantadas e preservadas.

Meio ambiente
O uso de madeiras de florestas plantadas, e uso de processos preservativos está diretamente ligado ao ciclo do carbono, impactando-o muito positivamente. Do ponto de vista técnico científico, a madeira representa o próprio carbono sequestrado da atmosfera (CO2), com uma grande aplicabilidade por suas nobres características. Desde o cultivo das mudas, até a entrega do Pinus preservado em sua finalidade, as emissões de carbono são baixíssimas, podendo ser até negativa, quando considerada a absorção do carbono durante o crescimento da árvore. Esta peculiaridade única da madeira, é o que torna seu uso ligado à sustentabilidade, principalmente quando as pessoas compreendem o ciclo do carbono.
Madeiras exóticas da flora brasileira, ou seja, que foram trazidas de outras regiões do mundo, como o Pinus (trazido em 1936), Eucalipto (trazido em 1904) não requerem a emissão de DOF (Documento de Origem Florestal) para comércio e transporte.

Tendências
Existe uma tendência mundial pela substituição do uso de polímeros, metais e concreto por materiais ambientalmente mais amigáveis, como a madeira. Isto reflete-se nas últimas edificações que vem gradativamente se popularizando, de edifícios residenciais ou comerciais, ginásios esportivos, arenas, anfiteatros à mobiliário urbano (mirantes, parklets, quiosques, parquinhos, etc).
Atualmente está em fase de elaboração, no âmbito da ABNT – Associação Brasileira de Normas técnicas, uma nova norma técnica que preconize o sistema conhecido como “wood frame”. Este sistema consiste numa estrutura de quadros de madeira, contraventados com chapas (madeira, gesso acartonado, placa cimentícia, vinil, etc), membranas inteligentes, isolantes termo acústicos, impermeabilizações de áreas molhadas, entre outros. Com base em normas técnicas já consagradas internacionalmente, e tropicalizada para as condições climáticas e culturais brasileiras, esta norma revolucionará a forma de se construir no Brasil, de forma mais rápida que da forma convencional, muito mais conforto térmico e acústico, e gerando empregos bem mais especializados de forma industrializada. A previsão do grupo de trabalho que vem desenvolvendo essa norma é de que entre em vigor na segunda metade de 2019.
A educação brasileira vem desenvolvendo um trabalho eco ambiental com as crianças, que vêm rapidamente tornando-se consumidor e optante por soluções ambientalmente responsáveis. A cada ano que se passa, pessoas acostumadas a consumir madeiras nativas saem de cena, e entram jovens preparados para o consumo responsável dos nossos recursos. Apenas essa mecânica social é responsável pelo crescimento orgânico do consumo de florestas plantadas para servir aos habitantes do nosso planeta.

Descarte final
Ao final do ciclo de vida do produto de pinus preservado, os produtos podem ser reciclados ou reutilizado, a caso não seja possível deverão ser descartados como Resíduo Classe IIA – Aterro Industrial Classe IIA.

Normatização
ABNT NBR 16.143 – Preservação de Madeiras – Sistema de Categorias de Uso
ABNT NBR 6.232 – Penetração e Retenção de Preservativos em madeira tratada sob pressão
ABNT NBR 7190 – Projeto de Estruturas de Madeira
ABNT NBR ISO 1030 – Madeira serrada de coníferas – Defeitos – Medição
ABNT NBR ISO 3179 – Madeira serrada de coníferas – Dimensões nominais
ABNT NBR ISO 737 – Madeira serrada de coníferas – Dimensões – Métodos de medição
ABNT NBR ISO 738 – Madeira serrada de coníferas – Dimensões – Desvios permitidos e retração

Referências
ABPM – Associação Brasileira de Preservadores de Madeira – (www.abpm.com.br)
Polo Madeireiro de Ponta Grossa – (www.polomadeireiro.com.br)
Sindimadeira/PG – Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias e Tanoarias e de Marcenarias de Ponta Grossa – (www.fiepr.org.br)
American Wood Protection Association – (www.awpa.com)
TWBrazil UPM – (www.twbrazil.com.br)
Wikipedia – Wood Preservation (https://en.wikipedia.org/wiki/Wood_preservation)

Sobre o autor
Leonardo Puppi Bernardi
Engenheiro Civil – CREA PR-69.980/D
Presidente TWBrazil UPM – Eireli

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